ROMA — As novas declarações do Papa Francisco nesta quinta-feira
surpreenderam muitos católicos. Para alguns, positivamente, para outros,
nem tanto. Em uma mudança marcante em relação ao seu predecessor, Bento
XVI - que disse que a homossexualidade era uma desordem intrínseca -, o
Papa Francisco afirmou que a Igreja tem o direito de manifestar as suas
opiniões, mas não pode interferir espiritualmente nas vidas de gays e
lésbicas.
Para John Gehring, diretor do programa católico do Faith in Public
Life, um grupo de advocacia liberal nos Estados Unidos, Francisco está
colocando a mensagem de misericórdia, justiça e humildade de volta ao
centro da missão da Igreja.
- É uma mudança notável e refrescante.
Este Papa está resgatando a Igreja daqueles que pensam que condenar
gays é definir o que significa ser um católico.
Jesuíta americano
autor de vários livros sobre o Vaticano, o padre Tom Reese afirmou que
Francisco é um contador de histórias e, nesse sentido, o comparou a
Jesus.
- O que está claro é que ele não pensa como um classicista
que vê o mundo em categorias imutáveis. Ele é um contador de
histórias, como Jesus, não um filósofo - disse.
A entrevista foi
realizada durante três encontros em agosto, nos aposentos espartanos de
Francisco na Casa Santa Maria, uma hospedagem do Vaticano para
religiosos. Francisco preferiu viver ali do que isolado no Palácio
Apostólico, onde ficavam seus antecessores.
- Algumas das coisas
da entrevista realmente me surpreenderam - disse o padre jesuíta James
Martin, editor da revista “América” ao jornal “New York Times”. - Ele
parece ainda mais um livre-pensador do que eu pensava - criativo,
experimental, disposto a viver nas margens e empurrar os limites de
volta um pouco.
Na semana passada, o bispo Thomas Tobin de
Providence, Rhode Island, disse que estava desapontado com o fato de o
Papa não tinha abordado o “mal do aborto” mais diretamente, a fim de
incentivar os ativistas antiaborto.
Na entrevista, Francisco disse
que não se deve insistir somente sobre questões relacionadas ao aborto,
ao casamento gay e ao uso de métodos contraceptivos.
- Isso não é
possível. Eu não falei muito sobre essas coisas e fui repreendido por
isso - disse Francisco. - Os ensinamentos da Igreja são claros nesses
aspectos, mas não é preciso falar sobre isso o tempo todo.
Fonte: O Globo
"Os ensinamentos da Igreja são claros nesses aspectos, mas não é preciso falar sobre isso o tempo todo." Está equivocado quem pensa que a igreja católica está mudando seu discurso, o papa apenas não quer falar estes assuntos polêmicos. É um tipo de estratégia, que ele está usando, haja visto a grande perseguição para quem se posiciona contra o casamento gay, por exemplo. A igreja nunca vai fazer um casamento, que não seja o convencional.
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